Nosso novo lar

Hoje começamos nossa nova vida. Chegamos na Itália há 3 dias, mas até agora tudo foi lindo, fácil e um conto de fadas. Com o Matteo e a Barbara nós passeamos, conhecemos coisas novas, sentimos as primeiras palavras em Italiano e respiramos os primeiros momentos da nossa aventura. Só que essa não era a nossa vida real.

A verdade é que a terça-feira, depois que eles tinham ido embora, amanheceu nublada e fria. Nós não tinhamos explorado Carate Brianza ainda, mas sabiamos pelo menos aonde tinha um mercado. Aliás, nossa primeira compra para a primeira semana tinha saído um pouco cara no Esselunga, e precisávamos encontrar nossas preferências, possibilidades e entender como é que funcionava tudo alí naquela cidadezinha minúscula.

Nos primeiros dias, aproveitamos para caminhar bastante pela região e já encontramos de cara um mercado que estava dentro das nossas possibilidades. Depois fomos até a prefeitura para

entender todo o processo de residência e tudo o mais, o que não adiantou muito porque continuamos perdidos e sem fazer nada até que o Matteo conseguisse nos enviar o contrato e tudo o que ele havia feito. Também aproveitamos para ir até o centro comercial que tinhamos visitado com o Matteo e a Barbara para poder comprar os chips para os nossos celulares, e foi então que vivemos nossa primeira aventura.

As ruas aqui da Itália normalmente não tem calçadas. É uma coisa bem esquisita, mas se levarmos em consideração que essas cidades foram construídas há inúmeros anos, a gente pode até relevar. Bom, eu sei que para visitar esse Centro Comercial, pegamos um ônibus pela primeira vez - e devo confessar que não foi difícil. Pesquisamos aonde comprar os bilhetes, mas esse negócio de pagar pelo trajeto ainda não estava bem claro nas nossas

mentes, então a mocinha da tabacaria nos ajudou. Pegamos nosso ônibus (com chuva) até o nosso destino, e descemos aonde mandava o nosso querido amigo Google. Poisé, com um amigo desses, quem é que precisa de inimigos?

O Google nos deixou no meio de uma 'rodovia', sem faixa de pedestres, aonde tivemos que atravessar correndo nas faixas e ficar ilhados no meio de uma rotatória. Foi show de bola (sqn). Fiquei apavorava e jurei que nunca mais voltaria naquele lugar! Estou escrevendo tudo isso meses depois que o fato aconteceu, então posso garantir que depois disso nós voltamos diversas vezes, mas acabamos encontrando caminhos diferentes e muito mais seguros - apesar de muito mais longos e cansativos.

O que eu realmente quero contar é que essas primeiras semanas foram mágicas. Eu estava me sentindo tão livre, tão viva, tão incrível, que eu não sabia dizer porque não tinha resolvido vir antes! Só que é óbvio que eu também estava apavorada, com medo, sem entender uma palavra de Italiano e ainda sem registro nenhum na cidade. As semanas seguintes e durante um bom tempo dedicamos nosso tempo quase que integralmente em resolver a minha residência, o Permesso do Ti, conhecer a cidade que moramos e as cidades vizinhas, abrir uma conta no banco, falar italiano e entender como trocar os 4.000 euros que trouxemos em notas de 500 euros - que NINGUÉM aceitava.

Foi um começo delicioso. Eu estava com medo. Apavorada. Petrificada. Mas ao mesmo tempo empolgada, ansiosa e cheia de energia para viver.